
Escrito por:
Alex de Amurim
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Nascido e criado na Zona Leste de São Paulo. Não tinha muito do que reclamar, muito menos memórias alegres do passado. Mas uma coisa é certa: a falta de responsabilidades é algo incrível. Então, molecada, aproveitem e não tenham pressa pra crescer. Porque, depois, é um caminho sem volta.
Por volta dos meus 12 anos, comecei a frequentar rolezinhos no Shopping Aricanduva. Ah, eu lembro bem. Tudo começou numa tarde de semana, depois da escola. Eu e meus brothers decidimos colar no shopping e ver um filme. Como eu ainda não trampava, pedi dez conto pro meu pai. Naquela época, a moeda parecia mais valorizada. Mas a real é que com aquele dinheiro eu não conseguia nem meia-entrada. Fomos assim mesmo, e tivemos uma tarde andando pra lá e pra cá. E foi daora.
Comecei a trabalhar cedo, embalando uns apetrechos de cozinha, tipo roupinha de botijão de gás. Era um trampo legal. Não era fixo, eu ganhava pelo que produzia. Mas ali já comecei a ter minhas paradas, com meu próprio corre.
O que eu gostava mesmo era quando chegava o sábado. Eu e meu bonde marcávamos o famoso rolezinho no shopping, que tava em alta na época.

Sempre curti redes sociais, movimentar, postar, fazer presença. Comecei a ter uma repercussão legal, meu perfil era tipo de ‘famosinho’. Quando uma foto passava de 100 curtidas, o ego subia. Os comentários, as curtidas… era daora. Pena que aquilo tudo nunca rendeu grana.
Chegava o sabadão e a gente imbicava pro shopping. Descíamos a famosa sapolância. Chegando lá, o lugar era um salseiro — adolescentes menores de idade tomando conta do rolê.
Como eu trampava por conta, ainda moleque, não tinha muita responsa. Faltava uns dias e eu ficava sem o famoso cascalho. O que salvava era o velho rateio. Dava no máximo pra comprar uma Askov saborizada e ficar rodando pelo shopping feito barata tonta.
Eu era reconhecido por onde passava — da entrada do shopping até a saída da escola. E eu amava ir pra escola, viu.
Fiquei nessa até uns 16 anos. Depois comecei a virar um velho chato que odeia muvuca.
Saudades.
Hoje minhas preocupações são outras: contas, trabalho, estudos. A responsa veio. Mas, às vezes, tudo que eu queria era me preocupar só se minha foto ia bombar. E se não viralizasse… bom, era só apagar.
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